quarta-feira, 7 de abril de 2010

Método...enfim, o método!



Estilo zen...

O método é o "caminho para chegar a um fim", a senda óctupla do caminho espiritual para o Nirvana, que é a coroação da pesquisa. Plac-plac-plac, os louros dos aplausos no dia de sua apresentação (para inflar o ego).

Dentro de uma perspectiva tradicional de pesquisa, o método científico é um conjunto de regras básicas para um cientista desenvolver uma experiência a fim de produzir novo conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. O método é o percurso escolhido para se realizar a pesquisa, numa espécie de linguagem sobre o caminhar feito pelo pesquisador.

Consiste em juntar evidências observáveis, empíricas, e mensuráveis, com o uso da razão. Isso é o que os pares da academia sempre falam.

Importante considerar que, do local de fala da crítica feminista, percebo a necessidade explicitar o entranhamento do monopólio masculinista na produção do conhecimento e na legitimação do discurso.

Segundo Kenneth Gergen, precisamos deslocar o desafio para o sentido da busca sobre identidade, relações humanas, concepções de sociedade e sua relação com a natureza.

Tenho como necessária a superação do dualismo nas ciências, onde se apartam sujeito e observador, pois essa dicotomia apenas revela outras, como a dicotomia masculino e feminino, que sempre deu prevalência ao monopólio masculinista na elaboração de saberes.

o discurso feminista atacaria a neutralidade valorativa masculina para a substituição de uma nova interpretação também impregnada de valor?

Sim, penso que sim, mas, num campo discursivo visível, ou seja, não se colocando como percepção igualitária, que compreende o mundo em ausência de hierarquização no conhecimento.

Assim sendo, ainda que seja motivado ideologicamente, isso vem à tona de maneira explícita e direta, e não subrecepticiamente, tal qual o discurso masculinista.

Em relação ao essencialismo, entendo que, em certa medida, não se pode reduzir todas as experiências das mulheres à compreensão de contato direto com a Natureza.

Não existiria UMA perspectiva feminista unívoca em seus propósitos de se firmar como fundamento epistemológico, dadas as matizes plúrimas igualmente válidas, por reforçarem contextualizações e desenvolvimentos históricos de grupos e pensamentos dentro do feminismo.

Isso me traz certo conforto, porque penso que não necessito traçar um percurso epistemológico preocupado em destrinchar regras e métodos, mas apenas observar os fenômenos a partir de um local de fala.

Diante de um contingente tão amplo como o âmbito feminista, quem haveria de receber “privilégios epistemológicos”, observando, dentro disso, que não se pode contar uma história verdadeira, mas histórias parciais dentro da transformação.

Achei isso interessante para particularizar a leitura para o Brasil, já que uma crítica constante diz respeito às diferenças de demandas entre o pensamento feminista estadunidense e o latino americano, principalmente em relação ao colonialismo.

A provocação me incentivou a responder situando o objeto do que estou querendo debater: a importância dos critérios de seleção na fabricação dos fatos, que é inerentemente uma atividade social que reúne a adesão ou a empatia dos semelhantes.

No caso, de quem recebeu treinamento adequado e, dentro disso, não deixa de estar numa “elite” de produção.

Qual o efeito imediato disso? Diferenciação no grau de prestígio e poder na avaliação da atividade submetida aos pares. É com essa percepção que vejo a construção de uma egrégora masculina nas ciências, dominando os critérios de acesso e avaliação das atividades de pesquisa.

Qual o ponto? Uma construção articulada em torno da idéia de fragilidade da mulher, tecida ao longo do tempo em volta da hipossuficiência biológica que se irradiou em vários nichos do conhecimento (psicanálise, medicina etc.). Uma nova percepção de metodologia:
• reconhecimento da unidade entre sujeito e objeto;
• necessidade de reflexão a respeito de como se define a objetividade;
• necessidade de contextualização dos fenômenos (para que não se ache que eles estão imersos num vácuo);
• tomada de consciência em relação às limitações que as origens pessoais e sociais impõem

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