quarta-feira, 7 de abril de 2010

Métodos...mais métodos e, depois, o diálogo entre eles

Uma tipologia de métodos?

Acho que é meio reducionista falar em tipologia, empobrece a pesquisa porque pode reduzir a uma compactação das possibilidades do discurso. Mas, vá lá, os mais comuns:

•Comparativo
•Dedutivo
•Indutivo
•Hipotético-dedutivo
•Dialético
•Estatístico
•Estruturalista
•Etnográfico
•Fenomenológico
•Funcionalista
•Histórico
•Hermenêutico

Método comparativo: enfatiza o cotejo entre grupos, por meio da análise das semelhanças, bem como das diferenças entre tais elementos. É um método usado tanto para comparações de grupos no presente, no passado, ou entre os existentes e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento. Difere do método histórico porque contrapõe elementos para análise.

Método dedutivo: parte da justaposição e análise de proposições GENÉRICAS, com a finalidade de elaboração de uma conclusão inclusiva, de natureza PARTICULAR.

DEDUÇÃOTodo mamífero tem um coração.
Ora, todos os cães são mamíferos.
----------------------------
Logo, todos os cães têm um coração.

INDUÇÃOTodos os cães que foram observados tinham um coração.
----------------------------------------------
Logo, todos os cães têm um coração.


As críticas são muitas: método tautológico, ou seja, permite concluir, de forma diferente, a mesma coisa, podendo ser redundante, já que parte de um caráter apriorístico de seu raciocínio (partir de uma afirmação geral significa supor um conhecimento prévio). Além disso, as posições são muito dogmáticas e fechadas.


Método indutivo: parte da justaposição e análise de proposições PARTICULARES, com a finalidade de elaboração de uma conclusão MAIS AMPLA, GERAL, QUE IGUALMENTE SEJA VERÍDICA. A facilidade do método consiste na irradiação da validade das premissas (PARTICULARES) para a conclusão (GERAL). Observe a diferenciação abaixo.

DEDUÇÃOTodo mamífero tem um coração.
Ora, todos os cães são mamíferos.
----------------------------
Logo, todos os cães têm um coração.

INDUÇÃOTodos os cães que foram observados tinham um coração.
----------------------------------------------
Logo, todos os cães têm um coração.


Críticas: tautológico, ou seja, permite concluir, de forma diferente, a mesma coisa. Além disso, o salto indutivo exigiria que a observação de fatos isolados atingisse o infinito. Daí a indução cai invariavelmente no apriorismo, NA PETIÇÃO DE PRINCÍPIO.

Método DIALÉTICO: base para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade, POIS os fatos sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de suas influências políticas, econômicas, culturais etc.

Por outro lado, como a dialética privilegia as mudanças qualitativas, opõe-se naturalmente a qualquer modo de pensar em que a ordem quantitativa se torne norma. Assim, as pesquisas fundamentadas no método dialético distinguem-se bastante das pesquisas desenvolvidas segundo a ótica positivista, que enfatiza os procedimentos quantitativos. Três grandes princípios:

a) A unidade dos opostos. Todos os objetos e fenômenos apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente unidos e constituem a indissolúvel unidade dos opostos. Os opostos não se apresentam simplesmente lado a lado, mas num estado constante de luta entre si. A luta dos opostos constitui a fonte do desenvolvimento da realidade.
b) Quantidade e qualidade. No processo de desenvolvimento, as mudanças quantitativas graduais geram mudanças qualitativas e essa transformação opera-se por saltos.
c) Negação da negação. A mudança nega o que é mudado e o resultado, por sua vez, é negado, mas esta segunda negação conduz a um desenvolvimento e não a um retorno ao que era antes.

Método ESTATÍSTICO: TAMBÉM CONHECIDO como estudo de caso, consistindo na observação de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações a partir de uma "totalidade solidária" dos grupos, pois estuda, em primeiro lugar, a vida do grupo em sua unidade concreta, evitando a dissociação prematura dos seus elementos. São exemplos desse tipo de estudo: monografias regionais, rurais, as de aldeias e até as urbanas.

Método ESTRUTURALISTA: Para Lakatos, parte da investigação de um fenômeno concreto, atinge o nível do abstrato, POR MEIO da constituição de um modelo que represente o objeto de estudo, retornando ao concreto, dessa vez como uma realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito social. O método estruturalista, portanto, caminha do concreto para o abstrato e vice-versa, dispondo, na Segunda etapa, de um modelo para analisar a realidade concreta dos diversos fenômenos.

A conceituação empregada por Gil (1988) é a seguinte:
"O termo estruturalismo é utilizado para designar as correntes de pensamento que recorrem à noção de estrutura para explicar a realidade em todos os níveis." O método camiha do concreto para o abstrato e, depois, tendo sido desenvolvido o modelo explicativo de funções, retorna-se para o caso analisado.

Método ETNOGRÁFICO: usado na Antropologia, referindo-se à análise descritiva das sociedades humanas, consistente no levantamento in locu, ou seja, pela inserção do pesquisador no ambiente de pesquisa (ANOTAÇÃO DE DETALHES).

Método FENOMENOLÓGICO: visa o dado, sem querer decidir se este dado é uma realidade ou uma aparência: haja o que houver, a coisa está aí.

Consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer esse dado. "Interessa-lhe imediatamente não o conceito subjetivo, nem uma atividade do sujeito, mas aquilo que é sabido, posto em dúvida, amado, odiado etc." (Bochenski, 1968, p. 137.)

O intento da fenomenologia é, pois, o de proporcionar uma descrição direta da experiência tal como ela é, sem nenhuma consideração acerca de sua gênese psicológica e das explicações causais que os especialistas podem dar.

Para tanto, é necessário orientar-se ao que é dado diretamente à consciência, com a exclusão de tudo aquilo que pode modificá-la, como o subjetivo do pesquisador e o objetivo que não é dado realmente no fenômeno considerado.

Do ponto de vista fenomenológico, a realidade não é tida como algo objetivo e passível de ser explicado como um conhecimento que privilegia explicações em termos de causa e efeito, MAS, ANTES, é entendida como o que emerge da intencionalidade da consciência voltada para o fenômeno. (Bicudo, 1994, p. 18).

Método FUNCIONALISTA: enfatiza as relações e o ajustamento entre os diversos componentes de uma cultura ou sociedade, visando.
ao estudo da sociedade do ponto de vista da função das suas unidades, uma vez que considera toda atividade social e cultural como funcional ou como desempenho de funções. (averiguação da função dos usos e costumes, no sentido de assegurar a identidade cultural do grupo).

Método HIPOTÉTICO-DEDUTIVO: Parte da justaposição de problemas, que vão surgindo ao longo da pesquisa. Para a resposta, são formuladas conjecturas ou hipóteses, que deverão ser testadas ou falseadas (enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la). Porém, nem sempre podem ser deduzidas conseqüências observadas das hipóteses. Também é necessário observar as proposições derivadas da Psicanálise ou do Materialismo Histórico.

Método HISTÓRICO: enfatiza os acontecimentos históricos ocorridos e registrados, A PARTIR de três procedimentos: Heurística, ou pesquisa de fontes (recolhimento de todas as informações disponíveis); crítica (avaliação da validade ou não das versões contraditórias); síntese (definição de dados e informações para o quadro global do que está sendo investigado). Acho problemático no Direito, porque dada nossa superficialidade, tendemos a fazer anacronismo, ou seja, olhar o passado a partir de hoje, sem a contextualização e inserção no ontem.

Método MONOGRÁFICO: TAMBÉM CONHECIDO como estudo de caso, consistindo na observação de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações a partir de uma "totalidade solidária" dos grupos, pois estuda, em primeiro lugar, a vida do grupo em sua unidade concreta, evitando a dissociação prematura dos seus elementos. São exemplos desse tipo de estudo: monografias regionais, rurais, as de aldeias e até as urbanas.

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